No seguimento do recente tema lançado a debate "Tourigo: berço da Touriga Nacional", não podemos deixar de agradecer o comentário do gentil regante - P.vê - dando conta da existência de "um convento no Tourigo assim como uma comunidade de padres que viviam na aldeia. Normalmente estas comunidades monásticas estão ligadas à doçaria tradicional portuguesa e eram também apreciadores e cultivadores do vinho que, neste caso, era também usado para as missas."
A este propósito, refira-se que encontrámos, por curiosidade, uma nota introdutória sobre a região dos vinhos do Dão, que correlaciona exactamente a produção de vinho com o clero:
"Na Idade Média, a vinha foi essencialmente desenvolvida pelo clero, especialmente pelos monges de Cister. Era o clero que conhecia a maioria das práticas agrícolas e como exercia muita influência na população, conseguiu ocupar muitas terras com vinha e aumentar a produção vitícola. Todavia, foi a partir da segunda metade do século XIX, após as pragas do míldio e da filoxera, que a região conheceu um grande desenvolvimento. Em 1908, a área de produção de vinho foi delimitada, tornando-se na segunda região demarcada portuguesa."
in InfoVini, http://www.infovini.com/pagina.php?codPagina=10®iao=5
Mais referências avançadas por um leitor atento:
"Por falar em Ordem de Cister, o Professor António Manuel Martinho Matoso, no seu livro " O concelho de Tondela - História e Património",indica:
"Possuíam na terra de Besteiros, os mosteiros de Lorvão e Santa Cruz, numerosas herdades.....Situação semelhante se verificava em relação ao Mosteiro de Maceira-Dão, com herdades em...,Tourigo...." Os mosteiros de Lorvão e de Maceira-Dão eram da Ordem de Cister, aquela ordem que se dedicava ao cultivo da vinha."
... estamos perante mais um rego por descobrir!
Até lá, votos que o C.C.D.Tourigo ganhe a taça do torneio de Inverno e faça um brinde com um digno vinho de Touriga Nacional!
Vosso
JSR
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Mais referências às Touriga Nacional e ao Tourigo:
I. TOURIGA NACIONAL - A rainha que já foi mal amada
A Argentina tem a Malbec, o Chile a Carmenére, a Itália a Nebbiolo… e Portugal tem a Touriga Nacional. Se alguma vez uma casta representar e identificar os vinhos portugueses, se alguma casta for referenciada como a imagem de Portugal, esse papel caberá sem dúvida à Touriga Nacional, a casta rainha… do momento. Porquê do momento? Porque o sucesso é recente e a Touriga Nacional já foi uma casta proscrita pelos viticultores portugueses. Dominou a região do Dão e foi relevante no Douro antes da invasão da filoxera. Depois, num ápice passou de casta principal a casta maldita. Produzia pouco, desavinhava com frequência, produzia muita parra e pouca uva. Para um viticultor são conjunturas improváveis. Mas a qualidade sempre foi determinante, e para os enólogos a valorização era evidente. Hoje é a casta mais elogiada em Portugal, a casta mais viajada e desejada. Alentejo, Estremadura, Bairrada, Setúbal, Ribatejo, Algarve, Açores – não há região portuguesa onde a Touriga Nacional não seja ensaiada e suspirada. De repe, a Touriga Nacional está presente em todos os contra rótulos, mesmo que por vezes a sua contribuição seja quase irrisória. Mas a Touriga Nacional convence também os mercados internacionais. Espanha, Austrália, África do Sul e Califórnia são hoje países convertidos aos seus encantos e qualidades. Dão e Douro reclamam para si a paternidade da casta Touriga Nacional, que também assume os nomes Preto Mortágua, Mortágua, Tourigo Antigo e Tourigo. A pele grossa ajuda a obter pigmentações profundas. A riqueza em aromas primários inconfundíveis é a imagem de marca da Touriga. Por vezes floral, por vezes frutada, por vezes citrina, mas sempre intensa e explosiva, com ares de nobreza. Os seus atributos são também os seus principais defeitos, porque a exuberância é frequentemente excessiva… Funciona melhor em lote do que a solo, onde em minoria aporta uma magnificência aromática inconfundível. Casta de esperança e simultaneamente confirmação da viticultura nacional, da Touriga Nacional espera-se que abra as portas do mundo aos vinhos portugueses. in Blue Wine http://www.revistabluewine.com/php/apreciar.php?familia=4&id=43
II. Curiosidades:
O Dão e os Descobrimentos
Antes da partida dos portugueses para a conquista de Ceuta, foi servido vinho do Dão nos luxuosos festejos organizados pelo Infante D. Henrique em Viseu. in InfoVini, http://www.infovini.com/pagina.php?codPagina=10®iao=5