Tourigo, o berço da Touriga Nacional

E se for mesmo verdade? ... estaremos preparados? Para sermos mesmo o berço da touriga nacional? Algum tempo passou desde que lançámos aqui o desafio de propor Tourigo como berço da Touriga Nacional, essa encubadora de taninos dos melhores vinhos nacionais. A ideia ganhou raízes, a início muito circunscritas, para depois "arrepiarem" caminho e lançarem a sua semente por vários sítios do cyberespaço. Porque não é todos os dias que uma freguesia tem como "marca de água" o nome de uma casta como a Touriga Nacional, siga as novidades em Tourigo, berço da Touriga Nacional

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Touriga... em busca das origens

Mais uma referência, entre muitas...

Touriga Nacional, a caminho do estrelato
por Virgílio Loureiro


Nascida no Dão, a Touriga Nacional é hoje um fenómeno de popularidade junto dos consumidores e produtores de todo o País. E mesmo lá fora, muitos voltam já os seus olhos para esta nobre casta portuguesa. (...)

Uma Casta Nascida no Dão
A fama dos vinhos do Dão é devida, em boa parte, a esta casta, que, no passado, antes da crise filoxérica, era largamente dominante nos vinhedos da região.
António Augusto de Aguiar, que em 1866 fez uma descrição dos Processos de Vinificação Empregados na Província da Beira, afirmava que o vinho desta região era, em geral, de Tourigo quase estreme.
Também o Mestre Cincinnato da Costa, na sua obra monumental "O Portugal Vinícola", afirmava, em 1900, que o Tourigo no Dão entrava nas plantações numa proporção de 9/10.
Este predomínio, quase absoluto em algumas sub-regiões, antes da filoxera é, aparentemente, estranho numa viticultura que sempre se caracterizou por uma grande promiscuidade de castas e um enorme desordenamento vitícola.
A principal explicação para tal facto reside, não só na grande capacidade produtiva e qualidade das suas uvas, mas também na sua fraca sensibilidade às doenças causadas por fungos, que lhe permitiu sobressair das restantes na difícil luta contra o flagelo do oídio na segunda metade do século passado.
Mais enigmático, porém, é o seu súbito declínio depois da filoxera. De facto, a reconstituição dos vinhedos que então se operou não permitiu manter o potencial produtivo da casta devido, provavelmente, à falta de adequação dos porta-enxertos americanos utilizados, que, enaltecendo o vigor da casta, conduziam ao seu desavinho característico. Por outras palavras, a casta passou a produzir muita parra, mas pouca uva.
Os vinhos de Touriga são maciços de cor, apresentando-se em certos anos completamente opacos Na região do Dão a Touriga Nacional é conhecida, normalmente, por Tourigo, embora se lhe reconheçam vários sinónimos, tais como Preto Mortágua, Mortágua, Elvatoiriga ou Tourigo Antigo.
Este facto é relevante, pois a existência de uma pequena aldeia, entre Tondela e Santa Comba Dão, com o nome de Tourigo constitui um argumento importante para considerar esta casta originária do Dão. Também não deixam de ser significativos os sinónimos Mortágua e Preto Mortágua, surgidos a partir do topónimo da vila vizinha de Santa Comba Dão. Em contrapartida no Douro não se lhe conhece nenhum sinónimo com conotação geográfica.

Os estudos de variabilidade genética demonstraram que o seu coeficiente de variabilidade é muito grande, tanto no Douro como no Dão, sugerindo que é cultivada, nas duas regiões, desde um passado longínquo. No entanto, esta variabilidade é sempre maior no Dão, confirmando as descrições da maioria dos autores antigos, que a consideraram sempre mais cultivada no Dão que no Douro. Há mesmo um autor anónimo, em 1849, citado por Pinto Menezes, que refere que a Touriga foi introduzida no Douro para dar côr aos vinhos, pois em Inglaterra tinham passado de moda os vinhos descorados e começavam a ser preferidos os vinhos mais carregados de côr.

in "Revista de Vinhos", nº 146, Janeiro de 2002 , cit. in http://www.domteodosio.com/po/red.html?id=22, acesso em 17.10.2008