Os passos que demos foram certos, com calma... um passo a seguir ao outro, num ritmo cadenciado pelo som da água que cumpria o seu curso abstraída da nossa presença. Percebeu logo que íamos em paz e assim consentiu a nossa caminhada, sem interferir connosco.
Os que já conheciam o sítio percorriam o trajecto como se fosse a primeira vez. Brincadeiras, aventuras, cursiosidades tantas vezes já lembradas retornavam outra vez mas com um sabor diferente... renovadas. Os que nunca lá tinham ido, foram de imediato conquistados e cativados como se também eles tivessem vivido as mesmas tropelias. Quem não gosta de regressar ao berço? Não numa perspectiva de mera repetição ou de recusa de avanço. Mas apenas no sentido de uma genuína redescoberta, voltando para seguir mais em frente. De um momento para o outro, todos fomos crianças de novo!
As paralelas do Rego foram, assim, as nossas linhas de orientação. A original e a nova. A mais recente tentando estar à altura da original, esmerando-se no aconchego da água.
... parece que ainda se ouvia água a correr no Rego original. "A água do rio não passa duas vezes no mesmo sitio." Não podemos testar esta afirmação mas, pelo menos, tivemos certeza que no Rego original correm, constantemente, as lembranças e as certezas de que foi ele e os seus braços - esses talhadouros virtuosos e bem-feitores - que alimentaram o Tourigo. Agora, como sinal do tempo, o Rego original aceitou camuflar-se pela vegetação verdejante tão própria deste micro-clima. Esta não o esconde. Só os mais distraídos podem pensar assim. Se estivermos atentos, a cada passo pode espreitar uma surpresa...
E também aqui o Rego nos deu uma prenda. No meio dos fetos, da multidão de ervas e de outros "verdes", eis que a nossa atenção ficou presa pelo toque inesperado de um milagre. Uma flor, pequenina e calma, segredou-nos, em silêncio, que éramos bem-vindos. Só nos pediu que não as esquecessemos. O seu nome... "Forget me not".
JSR