Se puderem, aproveitem e deliciem-se. Não trata só da solidão e da interioridade das aldeias. Mas das aldeias que nós próprios somos. Das nossas festas e memórias e das nossas ruas e dos nossos campos cultivados ou em pousio, quando todos se recolhem e ficamos connosco. Sobre o Interior para o interior de cada ser. Um verdadeiro poema telúrico, genuíno, simples e, por isso, belo. A reflectir e rir.
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Quando um homem do campo, carregado de memórias, caminha solto no espaço, os seus pés de barro misturam-se com os dedos que se cavaram na terra. A harmonia é dissonante, no equilíbrio ele parece cambalear, como se fosse voar. Como marinheiro sem mar. A melodia desse movimento encontra o compasso no tropeço, como um corpo suspenso, que procura o gesto para sintetizar a ideia que se perde no meio da palavra.O ritmo determina o seu andamento pela ansiedade e a respiração queima o ar. O texto serve apenas como ferramenta para uma construção, ou desconstrução de qualquer lógica naturalista. O texto deve ir ao encontro da poética das sonoridades mais rurais. Que espera este homem? Que podem esperar os homens? Que se pode esperar encontrar dentro das invenções que se reinventam para acreditar que se vive... ou não se vive.
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