Olival e Museu

24 concelhos da região da Beira Interior; até 2500 novos postos de trabalho; reconversão de culturas; 2500 hectares de novas plantações e de olival tradicional.
Estas são algumas das coordenadas do projecto que foi apresentado e já aprovado pelo Ministério da Agricultura, tratando-se do maior projecto de agricultura biológica no país.
Quase nem dá para a creditar mas é verdade. Haverá, provavelmente em 2011, azeite virgem extra produzido nas nossas santas terrinhas.
Vejam mais em:
Olival biológico da Beira Interior apoiado pelo PRODER
Beira Interior: cinco mil hectares serão convertidos em olival biológico até 2013

Entretanto, por Terras de Besteiros, destaca-se o período de festas, tão apropriado nesta fase de eleições.
Lembram-se do Museu Terras de Besteiros?
Aquele que não tem extensão em Tourigo, apesar de existir cá o "Museu"?! Pois bem, esse já foi inaugurado no feriado municipal, 16 de Setembro.
Aqui fica, para mais tarde recordar, o convite e o spot publicitário (apreciem a genica deste Museu...).
Inauguração das obras de requalificação e adaptação do Solar de Sant’Ana para núcleo sede do Museu Municipal

Popular ou talvez não...

Pelo interesse que tem e pelo facto de se relacionar com o universo da arte popular (e também das tradições e costumes) - contexto acarinhado pelo espírito associativo do Tourigo - aqui fica a referência ao ponto de situação do Museu de Arte Popular, um dos mais visitados museus portugueses, pelo menos até 1998, altura em que fechou portas sine die. O respectivo espólio, com cerca de 13 mil objectos organizados por regiões - Minho, Beiras, Trás-os-Montes, Alentejo, Algarves - encontra-se agora empacotado no Museu Nacional de Etnologia mas a polémica anda à solta: o que é que vão colocar no edifício do Museu da Arte Popular, mesmo na frente ribeirinha em Belém (Lisboa)? Para já, está prevista a instalação do Museu Mar da Língua.
No entanto, "Raquel Henriques da Silva, historiadora de arte e ex-directora do Instituto Português de Museus (actual Instituto dos Museus e da Conservação), um dos nomes mais destacados da luta em defesa do Museu de Arte Popular, frisa a importância do espólio da instituição: "Tem colecções muito importantes e reflecte a visão da cultura popular. E temos uma nova geração interessada nesta área da cultura quer em termos de trabalho quer em termos expositivos", defende a especialista, para quem só no espaço para que foi criado, junto ao Tejo, o Museu de Arte Popular faz sentido."
Por seu lado, Maria Barthez, investigadora da Universidade Nova, especialista em arte popular, "alerta para o futuro da arte popular: "As pessoas não conhecem o que é a arte popular e o que se está a perder com o fim dos artesãos. Somo um país pequeno, com tanta identidade e variedade. Devíamos estimar mais isso.'"
O Museu de Arte Popular mudou de casa
:::::::::::::::::::::::::

Por cá, o Museu continua sem portas abertas e sem o espólio das tradições do Tourigo ou do Rego salvaguardado... vide Vale de Besteiros, Tourigo e Museus.
:::::::::::::::::::::::::

Vale de Besteiros, Tourigo e Museus

Numa notícia de hoje no jornal Público, ficou-se a saber que o Museu de Serralves, no Porto, foi o museu mais visitado em Portugal, em 2008, com mais de 400 mil visitantes.
Esta notícia beliscou-nos sobre a situação dos museus por Terras de Besteiros, remetendo-nos para um post recente, que referiu a hipótese de Manuel de Oliveira fazer um filme não sobre o Vale Abraão mas sim sobre o Vale de Besteiros. Porque não? ... Qual seria a informação que poderia o cineasta encontrar, no geral, sobre as raízes das Terras de Besteiros e, em particular, sobre o Tourigo? E Onde?

Em relação à primeira questão, informação há muita, desde logo, na iniciativa municipal Museu Municipal Terras de Besteiros e no Tourigo tem havido uma série de iniciativas de divulgação e recuperação de usos e costumes e tradições várias, para lá de existirem vestígios arqueológicos já identificados pelo Instituto Português de Arqueologia (vide info. em Os primórdios das tribos do Rego).

Sobre o Museu Municipal Terra de Besteiros, sabemos que, segundo a Câmara de Tondela, é um "projecto museológico representativo das raízes históricas e culturais deste concelho e região." O Museu pretende não só mostrar objectos mas procurar explicá-los e interpretá-los, desejando-se fazer "renascer o gosto pela preservação de tudo aquilo que corre riscos de se perder definitivamente." No entanto, o Museu não visa ser só um edifício estático. Aspira, sim, a "todo um território da sua influência e aos bens conservados in situ. (...) Deste modo, será englobado um leque diversificado de testemunhos, sendo musealizadas várias marcas do património etnográfico, arqueológico, arquitectónico e industrial existentes um pouco por toda a região. (...) O objectivo é que o Museu Terra de Besteiros documente, interprete e divulgue todo o território concelhio, as suas características geológicas e culturais próprias, de uma forma descentralizada, que exprima a cultura e tradição da população da Terra de Besteiros."

O edil de Tondela afirmou ainda que o Museu Terra de Besteiros deve ser "repartido por pólos museológicos, um pouco por todo o concelho. Estes pólos irão ficar localizados junto das estruturas arqueológicas que caracterizam a região". A este título, os pólos de primeiro interesse são o monumento megalítico da Anta da Arquinha da Moura, na Lajeosa do Dão, e o conjunto de gravuras rupestres de Molelinhos. De facto, foi já lançado um concurso para a concepção e fornecimento da estratégia museográfica do referido Museu (vide Anúncios de Concurso n.º 649/2008, 157 Série II, Parte L, 14 de Agosto de 2008, e n.º 1362/2008, DR n.º 199 Série II, Parte L, de 14 de Outubro de 2008).

Ora, se o objectivo do Museu Terra de Besteiros é também documentar, interpretar e divulguar todo o território concelhio, as suas características geológicas e culturais próprias, exprimindo, de forma descentralizada, a cultura e tradição da população da Terra de Besteiros, pôs-se JSR a pensar sobre as formas da descentralização desse Museu Terra de Besteiros, em especial, no próprio Tourigo.

À primeira vista, ressalta o edifício do chamado Museu, na zona de lazer. Contudo, o edifício encontra-se fechado, sem uso ligado à divulgação de vestígios de tempos remotos e JSR também não encontrou nada de artefactos arqueológicos.
A menos que o espólio cultural seja de outra natureza e o Museu do Tourigo seja mais do género "museu vivo" e aí a conversa é outra. Não tem nada a ver com o passado nem tão pouco com as tribos do Rego. Também não visa explorar o filão da origem da casta Touriga Nacional. Não, nada disso... O objectivo ali prende-se provavelmente mais com o testemunho sobre as tradições, usos e costumes hodiernos de conterrâneos do Tourigo que, de quando em quando, se manifestam noutros moldes (talvez sob a forma de workshops diversos, acções de formação non-stop, cursos intensivos variados, etc.).

Ficou então JSR com a ideia que o dito Museu do Tourigo é mais do género "museu de artes contemporâneas". Tem assim grandes probabilidade de vir a ser um pólo não do Museu Terra de Besteiros mas antes do Museu de Joe Berardo (alter-ego do Comendador João Bernardo da Tojosa).
Sempre pelo interesse deste reino maravilhoso do Vale de Besteiros,
JSR

Mais info.:
Autarquia pretende criar estação arqueológica e promover museus, DN 15.04.2008
Valor das gravuras de Tondela ainda está por avaliar, DN 15.04.2008
Liga dos Amigos do Museu da Terra de Besteiros