Tourigo, o berço da Touriga Nacional

E se for mesmo verdade? ... estaremos preparados? Para sermos mesmo o berço da touriga nacional? Algum tempo passou desde que lançámos aqui o desafio de propor Tourigo como berço da Touriga Nacional, essa encubadora de taninos dos melhores vinhos nacionais. A ideia ganhou raízes, a início muito circunscritas, para depois "arrepiarem" caminho e lançarem a sua semente por vários sítios do cyberespaço. Porque não é todos os dias que uma freguesia tem como "marca de água" o nome de uma casta como a Touriga Nacional, siga as novidades em Tourigo, berço da Touriga Nacional
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tourigo-Touriga, mais do que uma questão de vogais

info. at

http://adegacartaxo.pt/images/semanariosolcartaxo.pdf

E se for mesmo verdade? ... estaremos preparados? Para sermos mesmo o berço da touriga nacional? E porque não sermos um ponto de passagem e paragem para os interessados ou apenas curiosos sobre as anciãs terras que aconchegaram uma preciosidade tão grande como a touriga nacional?
Não temos castelos, nem campos de batalha, nem pegadas de dinossauros, nem nem... mas temos arte em bem receber! Para além de tudo, estas notícias podem revelar-se, por certo, uma oportunidade de, pelo menos, procurarmos ter informação sobre a Touriga Nacional e sobre onde fica Tourigo, de forma organizada para disponibilizar a quem estiver interessado. E olhem que os apreciadores do néctar de Baco são muitos!
Os tempos actuais não são de "bagas ricas", mas é nestas alturas que o engenho deve estar afinado para iniciativas que marquem a diferença pela positiva!

Estejam atentos!
Vosso
JSR

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Outras referências:
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Só para relembrar, que o berço da Touriga-Nacional (Tourigo ou Preto de Mortágua - nomes utilizados para esta casta) é o Dão. Daí emigrou, para o...Mundo.", Pedro Figueiredo , QVE - Sociedade Agrícola de Silgueiros, 2010, http://www.enoeventos.com.br/colunistas/marcelo/marcelo021.htm

"Caro Pedro, que o berço da Touriga/Tourigo é o Dão ningém esquece! Leia minha coluna que sairá na Expovinis na edição especial da Revista de Vinhos sobre as Beiras.", Marcelo Copello, colunista, Rio de Janeiro, 2010, http://www.enoeventos.com.br/colunistas/marcelo/marcelo021.htm

"
And the same questions pop up about the Portuguese varietals, i.e. ”What does ‘Touriga’ mean?” as in our single varietal Touriga Nacional. According to local belief, there is a small village in the heart of the Dão, ’Tourigo‘ – where the variety is said to originate. The variety dominated the Dão vineyards prior to phylloxera (1870’s), and prior to its widespread appearance in the Douro, as a major grape for port production. To back up this theory, it is pointed out that Mortágua, a neighbouring village to Tourigo, is a synonym for the same variety.", 2009, http://cortesdecima.com/general/touriga-a-grape-by-any-other-name-would-smell-as-sweet/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+CortesDeCima+%28Cortes+de+Cima%29


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Novidades sobre Tourigo ser o berço da Touriga Nacional...

Algum tempo passou desde que lançámos aqui o desafio de propor Tourigo como berço da Touriga Nacional, essa encubadora de sabores dos melhores vinhos nacionais.
A ideia ganhou raízes, a início muito circunscritas, para depois "arrepiarem" caminho e lançarem a sua semente por vários sítios do cyberespaço.

Foi com grande apreço que lemos um artigo "Regresso às aulas tintas", de 5 de Setembro de 2011, no jornal "Sol", que refere Tourigo como o provável berço da casta raínha de Portugal. Este indício baseia-se em estudos recentes sobre a variabilidade genética levados a cabo conjuntamente por universidades e empresas, com o apoio de instituições públicas.
Acresce que foi ainda criada a Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira (APDV). Com efeito, tudo aponta para que Portugal possa ser a origem da vinha e da cultura do vinho (cf. http://sol.sapo.pt/inicio/Opiniao/interior.aspx?content_id=25451&opiniao=Opini%E3o). Por outro lado, a SOGRAPE, um dos membros da APDV, refere que "Das mais de 250 castas portuguesas, até hoje apenas 65 foram conservadas em vinhas dedicadas (...). Portugal é o país com mais elevada densidade varietal do mundo, tendo cerca de 2,7 variedades por 1000 km² - quase três vezes mais do que Itália e seis vezes mais do que Espanha e França. Este património, que constitui uma vantagem competitiva
de grande relevo para o sector vitivinícola português, é actualmente alvo de fortes pressões degenerativas, tornando-se crucial a sua preservação.". Consultar também artigo "Portugal's indigenous varieties" (http://www.decanter.com/people-and-places/wine-articles/484107/portugal-s-indigenous-varieties) que, entre outras informações, indica o Dão como a região berço da casta Touriga Nacional ("Undisputedly, Dão’s star grape is Touriga Nacional. Recent DNA research confirms that Touriga originated in Dão, and didn’t move to Douro until the 19th century. Because of this, Touriga has its widest range of clonal diversity and varietal character in Dão.").


...Estejam atentos. Mais novidades poderão surgir. E Tourigo não deve esmorecer o orgulho no privilégio de poder ser, com grande probabilidade, o local de origem da Touriga Nacional.

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5 de Setembro, 2011
por Aníbal Coutinho

Muitos leitores ficaram surpreendidos com possibilidade de Portugal, de acordo com investigações científicas recentes, poder ser o berço da vinha, a cultura que criou raízes em todo o planeta.
Num esforço conjunto das universidades e empresas, e com o apoio de instituições públicas, foi constituída a Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira que está a implantar pólos de conservação das várias castas e a estudar a respectiva variabilidade genética com resultados muito interessantes, como a confirmação da origem geográfica das castas nacionais e da capacidade de obtermos, no seio da mesma variedade, uma produção de uvas que varia de uma a cinco vezes.
Eis algumas curiosidades acerca das castas tintas nacionais.
A casta rainha em Portugal é a Touriga Nacional. Muito importante para a elaboração do vinho do Porto, pensava-se que a sua origem estaria algures no Douro; estudos recentes vêm demonstrar que a maior amplitude genética desta casta foi localizada numa povoação do Dão chamada Tourigo, o provável berço da Touriga Nacional.
Os apreciadores dos vinhos tintos da Bairrada sabem que a casta tinta Baga domina na sua constituição e é a casta maior desta Denominação de Origem localizada na Beira Litoral. De novo, os estudos genéticos pregam a partida ao localizar a origem da casta Baga na Beira Interior, mais propriamente no Dão onde já foi, em tempos, muito plantada.
Outra das castas de maior implantação nacional apelida-se Tinta Roriz e a sua antiguidade em Portugal é maior no Norte do que no Sul. Em Espanha chama-se Tempranillo e até há pouco tempo pensava-se que teria nascido nas terras da Rioja. A genética vem agora demonstrar que a casta Tempranillo criou as primeiras raízes mundiais a sul da Rioja, numa Denominação de Origem chamada Valdepeñas, na província de Aragón (Aragão). Talvez seja a explicação para esta casta se designar, no Sul de Portugal, por Aragonez.
Uma das castas exclusivas do Sul de Portugal, mais propriamente do Algarve, é a Negra Mole. O estudo desta casta revelou-se muito interessante pois confirmou que se trata de uma das mais ancestrais variedades locais de vinha, com uma variabilidade genética que é três vezes superior a castas como a Touriga Franca ou a Aragonez. Esta antiguidade é um excelente indicador para a ideia de que a vinha-mãe possa ter nascido no Sul de Portugal. Certamente vem confirmar que varas de Negra Mole viajaram com os descobridores da ilha da Madeira e aí foram plantadas, originando a variedade-base para o vinho da ilha, chamada Tinta Negra.
anibal.coutinho@sol.pt
http://sol.sapo.pt/inicio/Opiniao/interior.aspx?content_id=27787&opiniao=Opini%E3o

Confraria do Rego indicada num web fórum como referência para a questão do berço da Touriga Nacional:
http://www.proz.com/kudoz/portuguese_to_english/wine_oenology_viticulture/4012126-touriga.html
Does anyone know about the origin or meaning of the word Touriga. Touriga nacional is one of the main wine grapes of portugal.
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Note added at 3 hrs (2010-09-10 02:36:59 GMT)
Quanto ao nome, veja aqui. Creio que não há uma certeza absoluta, mas terá a ver com a origem da casta na freguesia de Tourigo.http://confrariadorego.blogspot.com/2008/02/tourigo-bero-do-...

Referências noutros sites/blogues:



terça-feira, 22 de setembro de 2009

Caudal da Touriga

Mais uma referência ao vasto caudal sobre Tourigo como berço da Touriga Nacional.
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Touriga - a grape by any other name would smell as sweet
Posted by Carrie on Saturday July 4th, 2009 at 16:18

And the same questions pop up about the Portuguese varietals, i.e. ”What does ‘Touriga’ mean?” as in our single varietal Touriga Nacional. According to local belief, there is a small village in the heart of the Dão, ’Tourigo‘ - where the variety is said to originate. The variety dominated the Dão vineyards prior to phylloxera (1870’s), and prior to its widespread appearance in the Douro, as a major grape for port production. To back up this theory, it is pointed out that Mortágua, a neighbouring village to Tourigo, is a synonym for the same variety.
Touriga Nacional , also known as the ‘queen’ of the Portuguese grape varieties, is now grown successfully in all areas of Portugal, from the north to the south, and has spread rapidly across the border and around the globe, to Spain, Australia, California, etc. Cortes de Cima was one of the pioneers in growing Touriga Nacional in the Alentejo where, characterized by its low production and small berries, when well ripened we find it one of our most unique wines, distinguished by highly aromatic fruit and an intense flowery bouquet. All 3 of our releases to date (including the currently available 2005) have been showered with top +90 ratings, gold medals and trophies including the IWC Touriga trophy, Alentejo trophy, and Portuguese Red Wine Trophy.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Vale do Eiro | A expedição da National Regography ao vale encantado...

A Primavera chega, ora quente ora fresca, nas braçadas de vento que tanto espalham pólen como nuvens.

Aproveitando uma "deixa" num comentário recente, lá andou o JSR por esse Reino Maravilhoso do Rego, desta feita pelas bandas de um Vale de Oiro...em mais uma incursão da National Regography.
O caminho faz-se muito bem, calcando terra que deixa adivinhar outros tempos de maior azáfama, com carros de bois a fazerem destes caminhos um trajecto com horas de ponta...
Todas as hipóteses de percurso a tomar desaguam no mesmo vale encantado.
Aqui, onde as palavras são nada...

Não vimos pepitas desse nobre metal mas encontrámos brilhos de oiro a convidarem-nos a andar por estas bucólicas paragens.












As árvores preparam-se e tudo expectante ondula ao sóm de garraiadas sonoras de pássaros que não páram de conversar. Há pequenas planícies com guardiões extremosos, como a piteira que nos cumprimentou. Ou a formiga que teve prioridade de passagem, tal era o ofício de que tinha sido encarregue. Teria ela também a missão de colorir as flores?










Mas, no meio de tanta harmonia, apareciam às vezes tons mais fortes, como um pinhal de peito feito, pregado à nossa frente. Chegava a ser ameaçador e talvez fosse uma tentativa de floresta negra destas bandas! Não julguem que estamos a exagerar! Entretanto, quase se podia adivinhar um duelo entre pinhais, que avançavam lentamente, de olhos fixos um no outro.








Passando despercebidos, seguimos confiantes até encontrarmos as promessas de bolotas, mel e maçã, risonhas e bem-dispostas. Adiante, desaguava à beira dos nossos olhos um rio camaleão, de cor "pasto verde".










Entretanto, tardando, sempre apareceram. As tourigas! Uma mão cheia delas, como esta que, preguiçosa, pedia ajuda aos nagalhos, feitos pagens, que a seguravam. Talvez uma dúzia de centenas de pés de pacientes videiras que sabem que estão bem protegidas pelo tempo especial que se sente neste vale encantado. É mais quente e mais suave para o embalo das promessas que trazem consigo.










quarta-feira, 4 de março de 2009

Touriga na Linha

A Touriga está na moda, não há dúvida. Para que se registe, as tias e tios da linha de Cascais adoram-na e vale até um artigo sobre ela, cheio de "sal e pimenta".

Mais Cascais, Fevereiro 2009: "(...)Assim, socorrendo-nos dos ensinamentos de alguns dos maiores especialistas na matéria, vamos dar-lhe algumas “pistas” sobre aquela que, quase unanimemente, é considerada a maior das castas portuguesas: a Touriga Nacional. (...) Esta casta, que antes era chamada de Touriga Fina, no Douro, e de Tourigo, no Dão, sendo uma casta tradicional destas duas regiões portuguesas, encontra-se hoje espalhada por outras regiões portuguesas e por algumas regiões do chamado Novo Mundo (do vinho), em especial a Austrália (que, como se sabe, também produz em quantidade apreciável vinho fortificado dito do “Porto”, onde tal casta é muito utilizada). Esta casta, que após a crise filóxerica do século dezanove e à necessidade da utilização dos porta-enxertos, se tornou uma casta de produção modesta (hoje melhorada com o recurso à selecção clonal), produz vinhos com uma cor muito concentrada, muito em especial em vinhos jovens. Os vinhos produzidos com a Touriga Nacional têm taninos elevados, mas quase sempre macios. Os aromas da casta fazem lembrar frutos silvestres, muito maduros. Nas suas duas regiões de eleição (o Douro e o Dão), esta casta era utilizada habitualmente em conjugação com outras castas, até porque, com já se referiu, a sua produção é, em geral, muito baixa. Com a moda dos vinhos ditos varietais (de uma só casta), que, em Portugal, surgiu apenas recentemente (embora seja tradicional em algumas regiões vinícolas além fronteiras, como a Borgonha, mais classicamente, e o Novo Mundo, mais modernamente), os vinhos elaborados exclusivamente (ou quase) com a Touriga Nacional passaram a ser reconhecidos, só por ostentarem o nome da casta, como dos melhores do país.
É verdade que muitos destes vinhos produzidos apenas com Touriga Nacional se encontram entre os bons vinhos portugueses, em especial, quanto a nós, no que respeita aos vinhos produzidos na região do Dão com as ditas uvas. Mas também é verdade que nem sempre “Touriga Nacional” é, só por si, sinónimo de qualidade assegurada (embora seja quase sempre sinónimo de preço elevado assegurado). (...) A fama da casta tem sido reconhecida além fronteiras, com autores tão afamados como Jancis Robinson a considerarem a Touriga Nacional como uma casta de “superb quality”. E merecidamente, pois trata-se da que é provavelmente a melhor casta nacional. Citando João Nicolau de Almeida, “trata-se de uma nobre e delicada variedade mas, como tudo o que é fino e elegante, precisa de ser tratada com todos os cuidados.” O vinho produzido com esta casta “bebe-se bem só, é equilibrado e beneficia qualquer lote que entra. É um verdadeiro vinho generoso: tem para si e para dar.” Mais palavras para quê?
saltandpepper@maiscascais.com"

terça-feira, 3 de março de 2009

Touriga em maturação


Solidão firme no dorso da videira
Um tumulto mantido em surdina
Na maturação dos cachos
Desse Tourigo
Promessas de mais um trago apetecido
Embaladas na paciência das folhas
Parras feitas mãos de mãe enternecida
Que em tardes de Verão de silêncio quente
Sabem o fruto que guardam
A quem o adivinha... a quem o sente.
JSR

...Mais uma referência, desta feita de 1916, à Touriga Nacional e ao seu berço:

The name Touriga seems to be a modification of Tourigo, a village in Beira Alta, where it seems to have originated.in: The Journal of the Department of Agriculture of Victoria
Por Victoria. Dept. of Agriculture
Edição de Dept. of Agriculture, Victoria., 1916
Original da Universidade de Michigan

JSR

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Vinhos para nos aquecer o Inverno

Mais uma referência à Touriga e ao Tourigo.
Leiam e desfrutem...

Vinhos para nos aquecer o Inverno, Fugas (Público), 25 de Outubro de 2008.
in http://static.publico.clix.pt/docs/Fugas/FugasVinhos.pdf

Há mais vinhos para lá dos Touriga Nacional
p.21
No Dão, que reivindica para si o privilégio de ser o berço da Touriga Nacional (Tourigo, designação antiga na região), a casta passou dos 106 hectares em 1982 para os actuais 1153. No Dão a casta mais plantada continua a ser a Jaen (há alguns produtores, por exemplo João Tavares de Pina (vinhos Torre de Tavares e Terra de Tavares), que a estão a trabalhar muito bem, seguida pela Tinta Roriz, mas, nos últimos anos, o que mais se planta é Touriga.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Touriga... em busca das origens

Mais uma referência, entre muitas...

Touriga Nacional, a caminho do estrelato
por Virgílio Loureiro


Nascida no Dão, a Touriga Nacional é hoje um fenómeno de popularidade junto dos consumidores e produtores de todo o País. E mesmo lá fora, muitos voltam já os seus olhos para esta nobre casta portuguesa. (...)

Uma Casta Nascida no Dão
A fama dos vinhos do Dão é devida, em boa parte, a esta casta, que, no passado, antes da crise filoxérica, era largamente dominante nos vinhedos da região.
António Augusto de Aguiar, que em 1866 fez uma descrição dos Processos de Vinificação Empregados na Província da Beira, afirmava que o vinho desta região era, em geral, de Tourigo quase estreme.
Também o Mestre Cincinnato da Costa, na sua obra monumental "O Portugal Vinícola", afirmava, em 1900, que o Tourigo no Dão entrava nas plantações numa proporção de 9/10.
Este predomínio, quase absoluto em algumas sub-regiões, antes da filoxera é, aparentemente, estranho numa viticultura que sempre se caracterizou por uma grande promiscuidade de castas e um enorme desordenamento vitícola.
A principal explicação para tal facto reside, não só na grande capacidade produtiva e qualidade das suas uvas, mas também na sua fraca sensibilidade às doenças causadas por fungos, que lhe permitiu sobressair das restantes na difícil luta contra o flagelo do oídio na segunda metade do século passado.
Mais enigmático, porém, é o seu súbito declínio depois da filoxera. De facto, a reconstituição dos vinhedos que então se operou não permitiu manter o potencial produtivo da casta devido, provavelmente, à falta de adequação dos porta-enxertos americanos utilizados, que, enaltecendo o vigor da casta, conduziam ao seu desavinho característico. Por outras palavras, a casta passou a produzir muita parra, mas pouca uva.
Os vinhos de Touriga são maciços de cor, apresentando-se em certos anos completamente opacos Na região do Dão a Touriga Nacional é conhecida, normalmente, por Tourigo, embora se lhe reconheçam vários sinónimos, tais como Preto Mortágua, Mortágua, Elvatoiriga ou Tourigo Antigo.
Este facto é relevante, pois a existência de uma pequena aldeia, entre Tondela e Santa Comba Dão, com o nome de Tourigo constitui um argumento importante para considerar esta casta originária do Dão. Também não deixam de ser significativos os sinónimos Mortágua e Preto Mortágua, surgidos a partir do topónimo da vila vizinha de Santa Comba Dão. Em contrapartida no Douro não se lhe conhece nenhum sinónimo com conotação geográfica.

Os estudos de variabilidade genética demonstraram que o seu coeficiente de variabilidade é muito grande, tanto no Douro como no Dão, sugerindo que é cultivada, nas duas regiões, desde um passado longínquo. No entanto, esta variabilidade é sempre maior no Dão, confirmando as descrições da maioria dos autores antigos, que a consideraram sempre mais cultivada no Dão que no Douro. Há mesmo um autor anónimo, em 1849, citado por Pinto Menezes, que refere que a Touriga foi introduzida no Douro para dar côr aos vinhos, pois em Inglaterra tinham passado de moda os vinhos descorados e começavam a ser preferidos os vinhos mais carregados de côr.

in "Revista de Vinhos", nº 146, Janeiro de 2002 , cit. in http://www.domteodosio.com/po/red.html?id=22, acesso em 17.10.2008

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Ideias em fermentação

Existem várias referências bibliográficas que apontam o Tourigo como origem da casta Touriga Nacional, tal como já avançámos noutros posts. No entanto, não é só por cá que se une com forte gravinhas Tourigo à Touriga Nacional. JSR andou a pesquisar e eis os resultados:

Oz Clarke's Grapes and Wines: The Definitive Guide to the World's Great Grapes and the Wines They Make
Por Oz Clarke, Margaret Rand
Publicado por Harcourt Trade Publishers, 2007
ISBN 0156032910, 9780156032919
"There is a village called Tourigo in the Dao, and nearby is another village called Mortagua...
."
Port and the Douro
Por Richard Mayson
Publicado por Mitchell Beazley, 2004
ISBN 1840009438, 9781840009439
"It is sometimes known here as Preto Mortagua and there is a village in the heart of Dao between Santa Comba Dao and Tondela named Tourigo. ..."
Ref. já mencionadas:
  • Gonçalves, Elsa M.F., 1996, Variabilidade Genética de Castas Antigas de Videira
  • Matoso, António Manuel Martinho, 1985, O concelho de Tondela - História e Património
Sugere-se ainda a leitura da reportagem O Regresso áureo do Dão, BlueWine, in http://www.essenciadovinho.com/bluewine/php/reportagens.php?id=25:
No Dão, o exemplo é notório na reconversão e replantação, que surte os seus frutos. Relevante mas polémico é o caso da Touriga Nacional. Para Calisto Mouta, da CVR do Dão, a aposta nas castas nacionais Tinta Roriz, Alfrocheiro e Touriga Nacional “foi essencial neste recomeço”. A notoridade da região “foi conseguida com a Touriga Nacional, até porque antes da filoxera havia 91% de Touriga Nacional plantada na região, o que demonstra que este é o seu ‘habitat’ natural e, numa prova cega desta casta, a que aparece com mais exuberância é a Touriga do Dão”, acentua Calista Mouta. Aliás, terá sido aqui o “berço da Touriga”, onde afectivamente lhe chamam “tourigo”.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Tourigo e Touriga Nacional: sem dúvida, imagens que marcam!

Mais um passo está dado para que Tourigo se afirme no mapa, como o berço da casta lusitana Touriga Nacional.
As ideias são como os cachos: vão amadurecendo e depois de colhidos pelas meigas mãos dos que vindimam, dão generosamente os seus resultados no néctar precisoso do Dão.
Não foi assim há muito tempo que JSR começou por lançar aqui a ideia do Tourigo ser a zona de origem da Touriga Nacional.
Parece fazer todo o sentido e questionamo-nos porque é que esta ideia não foi ainda aprofundada e explorada nas suas variadas vertentes, o que poderia ter, como já dissemos anteriormente, reflexos ao nível da promoção turística do Tourigo.
Senão, vejamos o recente exemplo do programa que "Imagens de Marca" (ver mais detalhes na notícia "Reportagem Imagens de Marca - Região de Viseu" do TourigOnline). O mote está lançado e, numa altura em que o enoturismo está em voga, a cada época de vindimas findada, é também mais uma hipótese que passa para congregar atenções para o Tourigo.

Aqui fica um brinde aos jornalistas do "Imagens de marca" que se interessaram pelo assunto e à equipa do TourigOnline que se lembrou da Confraria do Rego. Estamos honrados em termos podido ajudar.
Entretanto, a todos quantos queiram partilhar o vosso conhecimento e opinião sobre o tema, são bem-vindos.
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Imagens de Marca - excertos
Quebrar o gelo das marcas, em Viseu
Terão os vinhos de Portugal nascido no Dão, de uma dádiva de Baco? E se assim foi, talvez essa dádiva tenha sido plantada na aldeia de Tourigo, numa casa que já foi uma comunidade monástica, e aí tenha sido baptizada de Touriga.
O certo é que a Touriga Nacional é hoje considerada a rainha das castas tintas portuguesas e, na minha opinião, aquela que pode dar estrutura internacional à marca dos vinhos portugueses.
A Touriga Nacional é uma marca activa há já alguns séculos. Foi a casta que prevaleceu na região do Dão até ao séc. XIX e que foi muito relevante no Douro antes da invasão da filoxera. Depois passou de casta principal a casta maldita - produzia muita parra e pouca uva e assim ficou conhecida. Mas como a qualidade nos vinhos sempre foi determinante, hoje é a casta mais elogiada em Portugal. (...)
Criada no Dão e educada no Douro, a Touriga Nacional é hoje uma casta adulta, supra-regional e que tem despertado interesse um pouco por todo o mundo, constituindo uma oportunidade única para afirmar, internacionalmente, a marca dos vinhos portugueses. (...)
A Touriga Nacional é uma das grandes marcas do nosso país, e pela excelente reputação que tem conquistado um pouco por todo o mundo, pode bem ser o cavalo de Tróia que precisamos para posicionar a marca dos nossos vinhos nos mercados internacionais.
Mas neste, como em muitos outros casos, não bastam as dádivas de outros “Bacos”, nem é suficiente a qualidade intrínseca dos produtos. É urgente modernizar, divulgar e, sobretudo, concertar uma estratégia nacional de demarcação e protecção desta nossa marca.
Os grandes empreendimentos do futuro fazem-se de pequenos gestos no presente, pelo que apenas um copo da nossa Touriga de Portugal, possa ser o quanto baste para descongelarmos todo o potencial das nossas marcas.
No centro de Portugal
Nesta região protegida por inúmeras serras é fácil encontrar um lugar tranquilo, verde, onde se respira ar puro mas também é fácil encontrar sinais de uma indústria forte, uma indústria que aposta na situação geográfica de Viseu, hoje dotada de boas infra-estruturas rodoviárias, como uma opção estratégica. Para muitos, a centralidade de Viseu é um atractivo e a proximidade com Espanha abre a porta para outros mercados.
Mercados onde também chega o vinho português, incluindo o Dão, que está a ganhar novamente o vigor de outros tempos. E se o local de nascimento de D. Afonso Henriques pode levantar algumas dúvidas, a origem de outros símbolos portugueses não parece não causar grandes hesitações. Um dos maiores aliados do Dão terá nascido aqui e também eleva o nome do nosso país e dos nossos vinhos. É uma casta e chama-se Touriga Nacional.
in http://imagensdemarca.sapo.pt/opinioes/detalhes.php?id=1112

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Vindimas, compotas, castanhas... a doce chegada do Outono

Hoje chega o Outono, a época das cores alaranjadas e avermelhadas, de chãos feitos de folhas a estalarem, das generosas vindimas, das compotas e da marmelada, das castanhas e da água pé...

Esta estação chega, então, pela porta do equinócio do Outono, quando o dia, antes que o sol comece a ficar preguiçoso, tem tantas horas como a noite.

O Outono é também a altura em que a Confraria comemora um ano da sua criação, já no próximo dia 6 de Outubro...!
Tanta coisa passou, tantas ideias ainda por passar... Todas são assim como a borboleta fotografada recentemente no Rego.
Levam o seu tempo a amadurecer e a metamorfosearem-se, na expectativa de o resultado ser bom de apreciar... tal como um bom vinho do Dão, com a marca da Touriga Nacional.
Por curiosidade e porque estamos em época de vindimas, refira-se que este ano comemora-se o centenário da instituição da região demarcada do vinho do Dão, criada a 10 de Maio de 1908.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Novo comentário sobre a origem da touriga nacional

Voltando à temática da origem da touriga nacional, recuperamos um precioso comentário, de 19.05.08, que agradecemos.

Este tipo de informação ajuda-nos a ter mais pistas para a ideia de que a casta Touriga Nacional tem origem no Tourigo:

TOURIGA NACIONAL Origem
A heterogeneidade genética de todas as características qualitativas estudadas é maior, tal como acontece com o rendimento, nos clones provenientes do Dão, embora essa diferença de variabilidade não seja muito relevante. De facto, grau álcool provável, acidez total do mosto e pH demonstram ter maior variabilidade nesta região. Noutras características como polifenóis totais, antocianas, tonalidade e intensidade, onde a variabilidade genética já é mais acentuada, a heterogeneidade genética também é mais acentuada na região do Dão. O mesmo acontece quando é analisada a variabilidade genética do peso e volume dos bagos.

A hipótese de ser originária de Tourigo, na região do Dão, sai reforçada com as análises de variabilidade genética efectuadas sobre as características quantitativas e qualitativas acima mencionadas. O Dão possui sempre, em todas as características avaliadas, maior variabilidade que o Douro, embora a diferença não seja muito acentuada, possivelmente devido às razões já enunciadas de proximidade entre as duas regiões.

Gonçalves, Elsa M.F., 1996, Variabilidade Genética de Castas Antigas de Videira

Sempre pela defesa do património turístico do Tourigo,
JSR

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Tourigo, Touriga e Taça

E porque só daqui a quatro anos é que volta a ser 29 de Fevereiro, aqui fica o registo do Rego neste dia.

No seguimento do recente tema lançado a debate "Tourigo: berço da Touriga Nacional", não podemos deixar de agradecer o comentário do gentil regante - P.vê - dando conta da existência de "um convento no Tourigo assim como uma comunidade de padres que viviam na aldeia. Normalmente estas comunidades monásticas estão ligadas à doçaria tradicional portuguesa e eram também apreciadores e cultivadores do vinho que, neste caso, era também usado para as missas."

A este propósito, refira-se que encontrámos, por curiosidade, uma nota introdutória sobre a região dos vinhos do Dão, que correlaciona exactamente a produção de vinho com o clero:

"Na Idade Média, a vinha foi essencialmente desenvolvida pelo clero, especialmente pelos monges de Cister. Era o clero que conhecia a maioria das práticas agrícolas e como exercia muita influência na população, conseguiu ocupar muitas terras com vinha e aumentar a produção vitícola. Todavia, foi a partir da segunda metade do século XIX, após as pragas do míldio e da filoxera, que a região conheceu um grande desenvolvimento. Em 1908, a área de produção de vinho foi delimitada, tornando-se na segunda região demarcada portuguesa."
in InfoVini, http://www.infovini.com/pagina.php?codPagina=10&regiao=5

Mais referências avançadas por um leitor atento:
"Por falar em Ordem de Cister, o Professor António Manuel Martinho Matoso, no seu livro " O concelho de Tondela - História e Património",indica:
"Possuíam na terra de Besteiros, os mosteiros de Lorvão e Santa Cruz, numerosas herdades.....Situação semelhante se verificava em relação ao Mosteiro de Maceira-Dão, com herdades em...,Tourigo...." Os mosteiros de Lorvão e de Maceira-Dão eram da Ordem de Cister, aquela ordem que se dedicava ao cultivo da vinha."

... estamos perante mais um rego por descobrir!

Até lá, votos que o C.C.D.Tourigo ganhe a taça do torneio de Inverno e faça um brinde com um digno vinho de Touriga Nacional!

Vosso
JSR

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Mais referências às Touriga Nacional e ao Tourigo:

I. TOURIGA NACIONAL - A rainha que já foi mal amada
A Argentina tem a Malbec, o Chile a Carmenére, a Itália a Nebbiolo… e Portugal tem a Touriga Nacional. Se alguma vez uma casta representar e identificar os vinhos portugueses, se alguma casta for referenciada como a imagem de Portugal, esse papel caberá sem dúvida à Touriga Nacional, a casta rainha… do momento. Porquê do momento? Porque o sucesso é recente e a Touriga Nacional já foi uma casta proscrita pelos viticultores portugueses. Dominou a região do Dão e foi relevante no Douro antes da invasão da filoxera. Depois, num ápice passou de casta principal a casta maldita. Produzia pouco, desavinhava com frequência, produzia muita parra e pouca uva. Para um viticultor são conjunturas improváveis. Mas a qualidade sempre foi determinante, e para os enólogos a valorização era evidente. Hoje é a casta mais elogiada em Portugal, a casta mais viajada e desejada. Alentejo, Estremadura, Bairrada, Setúbal, Ribatejo, Algarve, Açores – não há região portuguesa onde a Touriga Nacional não seja ensaiada e suspirada. De repe, a Touriga Nacional está presente em todos os contra rótulos, mesmo que por vezes a sua contribuição seja quase irrisória. Mas a Touriga Nacional convence também os mercados internacionais. Espanha, Austrália, África do Sul e Califórnia são hoje países convertidos aos seus encantos e qualidades. Dão e Douro reclamam para si a paternidade da casta Touriga Nacional, que também assume os nomes Preto Mortágua, Mortágua, Tourigo Antigo e Tourigo. A pele grossa ajuda a obter pigmentações profundas. A riqueza em aromas primários inconfundíveis é a imagem de marca da Touriga. Por vezes floral, por vezes frutada, por vezes citrina, mas sempre intensa e explosiva, com ares de nobreza. Os seus atributos são também os seus principais defeitos, porque a exuberância é frequentemente excessiva… Funciona melhor em lote do que a solo, onde em minoria aporta uma magnificência aromática inconfundível. Casta de esperança e simultaneamente confirmação da viticultura nacional, da Touriga Nacional espera-se que abra as portas do mundo aos vinhos portugueses.
in Blue Wine http://www.revistabluewine.com/php/apreciar.php?familia=4&id=43



II. Curiosidades:

O Dão e os Descobrimentos
Antes da partida dos portugueses para a conquista de Ceuta, foi servido vinho do Dão nos luxuosos festejos organizados pelo Infante D. Henrique em Viseu. in InfoVini, http://www.infovini.com/pagina.php?codPagina=10&regiao=5

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Tourigo: berço da Touriga Nacional

Nesta altura em que, carinhosamente, se atam as videiras nos campos, não ficamos alheios a um nome que nos remete para o Tourigo...

Quem é apreciador do néctar de Baco e Dionísio, em especial do meigo vinho do Dão, não fica por certo alheio ao nome Touriga Nacional.
Mas o que é um nome sem o seu significado? Que raízes tem este nome que alimenta as cepas generosas que distinguem, em especial, os vinhos do Dão?

Este poderia ser um aspecto a ser estudado, não só pela curiosidade histórica, mas também pelos possíveis reflexos ao nível da promoção turística do Tourigo.
É que, para além do Leite com Gás, essa maravilha da Natureza nascida no Rego, Tourigo poderia ser conhecido como o provável berço da Touriga Nacional.

Afinal, não é todos os dias que uma freguesia tem como "marca de água" o nome de uma casta como a Touriga Nacional.

O vosso sempre atento,
JSR

Referências na Internet:

I. Sinonímia

Dão: Touriga Nacional, Tourigão, Tourigo Antigo
Bairrada: Tourigo do Dão
Douro: Touriga Nacional, Touriga Fina
Ribatejo Oeste: Touriga Nacional
Alentejo: Touriga Nacional
Setúbal: Touriga Nacional

Embora tenha sua fama associada ao Vinho do Porto e aos tintos de mesa do Douro, um certo mistério cerca as origens da Touriga Nacional. É difícil precisar em qual região vinícola portuguesa ela nasceu. Alguns estudiosos dizem que ela provém do Dão, apoiando essa afirmação em antigos relatos. Em 1900 Cincinnato da Costa escreveu, em seu livro "O Portugal Vinícola", que no século XIX 90% dos vinhedos do Dão eram plantados com esta uva - ali chamada de Tourigo ou pelos sinónimos Mortágua, Preto Mortágua ou Elvatoiriga. Os vinhos de Touriga são maciços de cor, apresentando-se em certos anos completamente opacos. Na região do Dão a Touriga Nacional é conhecida, normalmente, por Tourigo, embora se lhe reconheçam vários sinónimos, tais como Preto Mortágua, Mortágua, Elvatoiriga ou Tourigo Antigo. Este facto é relevante, pois a existência de uma pequena aldeia, entre Tondela e Santa Comba Dão, com o nome de Tourigo constitui um argumento importante para considerar esta casta originária do Dão. Também não deixam de ser significativos os sinónimos Mortágua e Preto Mortágua, surgidos a partir do topónimo da vila vizinha de Santa Comba Dão. Em contrapartida no Douro não se lhe conhece nenhum sinónimo com conotação geográfica.
- Informação in Copo de Três, acesso Fevereiro de 2008

II.
Rota do Vinho do Dão
“Tudo nestas paragens são grandezas”, escreveu José Saramago a propósito da região onde se produz o milenar vinho do Dão. Aqui sente-se a herança dos antigos monges agricultores, que marcaram de forma indelével as construções religiosas, a cultura da vinha e o modo de produzir o precioso néctar. Com a linha da poderosa Serra da Estrela a pontuar o horizonte, o Dão, com os seus Invernos chuvosos e verões quentes e secos, é zona de pequena propriedade, com vegetação exuberante, ar puro e numerosos cursos de águas límpidas correndo sobre berço granítico. Pinheiro bravo, carvalho e castanheiro são vulgares, mas é a vinha que predomina, com mais de 70 milhões de cepas plantadas. E que cepas! Terá sido no Dão, na aldeia de Tourigo, que nasceu aquela que é por muitos considerada a rainha das castas tintas portuguesas: a Touriga Nacional. Queijo, cabrito, presunto, enchidos, preenchem um longo e saboroso cardápio gastronómico. Frutos de grande carácter, como a maçã bravo de Esmolfe, são típicos da região. E há, além de centros urbanos carregados de história que interessa visitar (...), velhas aldeias perdidas no fundo dos vales ou nos altos das montanhas, à espera de serem (re)descobertas.
- Informação in ViniPortugal.pt, Rota do Vinho do Dão, acesso Fevereiro de 2008

III. Sua majestade a Touriga Nacional
Desde o início da década de 90, os portugueses estão num crescente encantamento com sua Touriga Nacional e com ela exercendo cada vez mais encanto no mundo vitivinícola. São inconfundíveis os vinhos gerados por esta casta, que tem origem no Dão (...).
Embora essa uva fosse muito utilizada no Dão, faltava um tratamento moderno aos seus vinhos na adega. As novas tecnologias e um estudo profundo de sua microbiologia no tocante à sua fermentação deram um arranque final para que fosse eleita a uva que tem a “cara de Portugal”. Em Portugal, a Touriga vai se firmando como a “casta rainha”. E o mais importante: como sinônimo de “casta lusitana”.
- Informação in Paodeacucarvinhos.com.br, acesso Fevereiro 2008

Mais referências: A Grande Uva Portuguesa
, in Winexperts.com.br, acesso Fevereiro 2008

IV. Esta poderia ser uma boa lenda para a origem da Touriga no Tourigo [reparem na singela referência ao LCG...]:

(...) Há muitos anos, em tempos remotos, fez Baco uma visita ao seu bom amigo Endovélico, o deus dos deuses da Lusitania. Atravessou serras e subiu penosamente ladeiras até chegar a terras banhadas pelo rio Dão.
Perto daquele local, à entrada de uma tosca cabana de pedra e troncos, havia um casal de lusitanos e um filhito. Baco ao vê-lo, correu para eles gritando:
- Pelos deuses, dai-me de beber!
O lusitano entrou na cabana e regressou com uma escudela de barro cozida ao sol, cheia de água. [Nota: aqui poderia ler-se LCG]
- Água? [LCG?] Acaso não tendes vinho?
O anfitrião arregalou muito os olhos, cofiou a barba entonça e volveu espantado:
- Não. Nós não sabemos o que é. Quereis vós comer?
E sem esperar resposta voltou com uma perna de cabrito montanhês.
À despedida, Baco, comovido pela franca hospitalidade do luso, disse-lhe:
- Ainda um dia hás-de saber o que é o vinho.
Alguns anos mais tarde uma centúria romana, marchando e cadência, parava à porta da singela habitação do lusitano.
Os legionários deixaram a forma e cada um deles abriu uma vala e na vala cada um deles pôs uma videira. Depois, tomaram os lugares e partiram como haviam vindo.
Num dos bacelos lia-se esta tabuleta:“Baco oferece reconhecido”.
Aquelas cepas deram a seu tempo saborosos bagos cujo suco o lusitano espremeu para beber no Inverno numa comunhão de força e rejuvenescimento, e assim, daquelas belas uvas da campânia, que eram uma delícia do bom Baco, havia nascido o generoso e salutar Vinho do Dão.
(adaptado de “Beira Alta Imaginários”), in http://www.lusawines.com/cA22.asp